Cidades

Por que o Governo do Rio quer antecipar a segunda dose da AstraZeneca?

Publicada às 14h57. Atualizada às 18h28.

Imagem ilustrativa da imagem Por que o Governo do Rio quer antecipar a segunda dose da AstraZeneca?
|  Foto: Foto: Governo do Estado
Recomendação partiu do Governo do Estado do Rio nesta terça-feira (13). Foto: Gov RJ

Após anúncio do Governo do Estado nesta terça-feira (13), recomendando a redução do intervalo entre as aplicações das doses da AstraZeneca pelo municípios, a Fiocruz, que produz o imunizante britânico a partir de insumos importados, reiterou, em nota, que o prazo de 12 semanas seja mantido.

A Fundação esclareceu que 'considera dados que demonstram uma proteção significativa já com a primeira dose e a produção de uma resposta imunológica ainda mais robusta quando aplicado o intervalo maior. Adicionalmente, o regime de 12 semanas permite ainda acelerar a campanha de vacinação, garantindo a proteção de um maior número de pessoas", diz o comunicado, contrariando o Governo do Estado.

A instituição diz ainda que o regime de doses adotado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) está respaldado por evidências científicas e qualquer mudança deve considerar os estudos de efetividade e a disponibilidade de doses.

Até o momento, a vacina produzida pela Fiocruz tem se demonstrado efetiva na proteção contra as variantes em circulação no país já com a primeira dose. Adicionalmente, em relação à variante delta, uma pesquisa da agência de saúde do governo britânico, publicada em junho, aponta que a vacina da AstraZeneca registrou 71% de efetividade após a primeira dose e 92% após a segunda para hospitalizações e casos graves. Os dados são corroborados também por um estudo realizado no Canadá, que apontou efetividade contra hospitalização ou morte, para a variante Delta, após uma dose da vacina da AstraZeneca de 88%.

A fundação reforça ainda as orientações do PNI e da Nota técnica conjunta da Sociedade Brasileira de Imunizações e da Sociedade Brasileira de Pediatria, publicada nesta terça-feira (13), quanto à manutenção do intervalo de 12 semanas da vacina Fiocruz-AstraZeneca e permanecerá atuando na vigilância das variantes, bem como na produção de estudos de efetividade da vacina e de evidências científicas que possam continuar a subsidiar a estratégia de imunização no país.

Estado

Após o anúncio, o governador Cláudio Castro justificou que a decisão de autorizar todos os municípios fluminenses a anteciparem a aplicação da segunda dose da vacina Astrazeneca contra Covid-19 foi tomada em conjunto com o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems). Segundo Castro, foram levados em consideração aspectos como a quantidade de doses que as cidades já têm em estoque para completar o esquema vacinal da população e a entrada de novas variantes da Covid-19 no estado. A decisão, porém, cabe aos municípios.

Axel Grael, Prefeitura, SINE, Cláudio Castro, Prefeito, Governador
Governador Claudio Castro demonstrou preocupação sobre o período de armazenamento de imunizantes para a segunda dose. Foto: Vítor Soares

"Essa não é uma decisão monocrática do Estado e sim, pactuada com o Conselho de Secretarias Municipais. Há uma preocupação com armazenamento pelos municípios para não haver perda de doses. Não há nenhum prejuízo nessa antecipação. Nosso objetivo é que tenhamos pessoas imunizadas mais rápido para evitar a infecção pela Covid-19 entre as duas doses. Por causa das novas variantes, a decisão foi bem pensada e debatida"

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, a deliberação reduz o intervalo de aplicação entre as doses da vacina Astrazeneca, e tem o apoio de um grupo de especialistas que assessoram a pasta.

"Não há perda de eficácia quando a aplicação for dentro do período entre 8 e 12 semanas. Nossa preocupação é que as doses estão paradas nos municípios e poderiam ser perdidas. E, além disso, dentro de um cenário, temos a entrada da variante Delta. Os estudos no Reino Unido apontam que, somente com a aplicação da segunda dose, é possível bloquear a possibilidade de transmissão das variantes. Temos a expectativa de que, com a redução do intervalo entre as doses, caia também o número de pessoas que não está voltando para a segunda aplicação. Todas as decisões estão sendo pactuadas com o Conselho de Secretarias Municipais, assim como foi feito no calendário unificado", ressaltou o secretário de estado de Saúde, Alexandre Chieppe.

Cidades

A Secretaria Municipal de Saúde de Niterói informa que, como não há previsão de antecipação de remessas da AstraZeneca, o município não vai antecipar a segunda dose da imunização contra a Covid-19. O objetivo é que não ocorra falta da vacina para os moradores de Niterói. A campanha de vacinação é planejada de acordo com a quantidade de doses enviadas pelo Ministério da Saúde.

Segundo pesquisas da Fiocruz, a vacina demonstra uma proteção significativa já com a primeira dose. Além disso, a Astrazeneca apresenta a produção de uma boa resposta imunológica quando as duas doses são aplicadas em intervalos de 12 semanas.

Já em São Gonçalo, a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil de informou que vai continuar com o intervalo de 12 semanas para a aplicação da vacina Astrazeneca. A capital do Rio resolveu seguir o mesmo caminho. O secretário Municipal de Saúde, Daniel Soranz, resolveu não reduzir o intervalo entre as doses do imunizante.

O chefe da pasta disse ainda que a maioria dos países que antecipou o complemento da imunização contra a covid-19, já tinha vacinado os idosos e as pessoas com comorbidades com o intervalo de 12 semanas.

Em Caxias, na Baixada Fluminense, a prefeitura vai antecipar a aplicação da segunda dose da vacina AstraZeneca para todas as pessoas que tomaram a primeira dose até o dia 17 de maio, ou seja, oito semanas e dois dias antes do prazo inicialmente estabelecido. Para essa vacinação, a prefeitura vai disponibilizar 16 unidades de saúde que funcionarão de quinta-feira (15) até o domingo (18).

< Dominguinhos será eternizado com nome de rua no bairro Estácio no Rio André Jardine define substituto de Douglas, cortado da Seleção Olímpica <